AS IGUARIAS DA MINHA VÓ.
Por Aurivânio Andrade.
“Perambulando” pela feira livre da cidade de Umarizal/RN – uma feira popular que acontece nos dias de segunda feira, há várias décadas, curiosamente percebi o quanto mudou. Os protagonistas que a frequentavam, já não são mais os mesmos. Exceção de uns dois ou três que ainda caminham navegando contra o vento do tempo sobre “TRÊS PERNAS,” como uma forma de testemunhar a LENDA de um semideus Grego- ÉDIPO, muito cultuado em Tebas - cidade do antigo Egito. Segundo essa lenda o herói Édipo acabou salvando a cidade(Tebas) de uma grande destruição. Contavam os Gregos que no tempo de Édipo uma esfinge propunha enigmas aos viajantes, nas proximidades de Tebas, e devoravam os que não os decifrassem. O tal enigma (espécie de jogo que exigem métodos de raciocínio lógicos) que foi proposto a Édipo foi o seguinte: “Qual é o animal que anda sobre quatro pés de manhã, sobre dois ao meio dia e três a noite?” Édipo respondeu que era o homem, pois engatinha na infância, caminha na idade adulta e utiliza-se de uma bengala para andar na velhice. O monstro foi assim vencido e atirou-se no mar. Mas, tudo bem. Feito essa digressão, voltamos à feira. No meu percurso entre uma banca e outra, “derrepente” ouvi uma VOZ FORTE com sotaque caipira que dizia assim: “Tem buchada de bode aí?” tem sim senhor! Disse a dona da venda. O senhor vai querer uma? Retrucou ela. Agora mesmo! Respondeu na “bucha” o CAMPONÊS. O mesmo sentou-se com um pouco de dificuldades devida à idade avançada. Nesse momento procurei descrever aquele HOMEM que o escritor CARIOCA e NÃO SERTANEJO Euclides da Cunha descreveu há mais de cem anos com a seguinte Frase: “O sertanejo é antes de tudo um Forte.” A pele tostada ou tingida pelo sol forte e enrugada pelas marcas do tempo, mim fez compreender melhor o que levou Euclides da Cunha a descrever tal personagem. Feito essa observação, voltei a transitar na feira. Parei em uma lanchonete e pedi um lanche- uma vitamina de abacate acompanhada de uma fatia de bolo de milho - Isso mesmo, BOLO DE MILHO. Nada mais. No mesmo instante chegou um “PLAY BOY”, isso mesmo, um rapaz MODERNO alto, cuja pele estava, não tostada, mas TINGIDA pelo desenho de uma tatuagem semelhante ao desenho de um dragão. Acho que o bicho era esse. Não lembro bem. “Tem coca zero?” perguntou ele. Sim! Disse a proprietária. “eu quero uma (latinha) e UM PASTEL.” Nesse momento fiquei convencido do tamanho da mudança que houve no nosso sertão, cujo reflexo gravíssimo, diga-se de passagem, atingiram a vida do SERTANEJO - a nossa principal identidade cultural. Houve mudanças pra todo gosto e de todos os tipos. Dos “Homens” a seus hábitos alimentares.
Taí o texto de nº 02. Pronto pra você se igualar, nas iguarias da minha vó.
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