domingo, 17 de agosto de 2014

Os “ILUMINADOS” rindo dos alienados.


O dia já não lembro mais. Mas o ano, era 1982. Ano de eleição para a escolha do governador do nosso estado e também ano de copa do mundo. Só que não acontecera no Brasil. Acontecera na Espanha. Na disputa política para o governo do nosso estado, estava “Já Já,” apelido carinhoso dado na época, ao jovem candidato José Agriprino Maia, hoje senador da república. Do outro lado, estava o bacurau Aluízio Alves, ambos, descendentes e patriarcas de famílias “ILUMINADAS” por assim dizer. “Iluminadas” em tudo. Até no poder de ALIENAÇÃO que se mantêm até hoje, num processo cíclico ou “tríclico” de avós, pais e filhos. Bem diferente das famílias de João, de Maria, de José, de Antônio etc... Que já não “domesticam” mais, nem mesmo os seus próprios filhos. 
Véspera de um comício na minha cidade. A molecada e os marmanjos da época, esperavam a chegada do “canidato a gunvernador e seus apadrinhados,” que logo chegariam para mais uma colheita de votos. O foco do discurso era: mentirem, mentirem; prometerem, prometerem....., que ao final, todos seriam aplaudidos e aclamados, como de fato, o foram. A Viçosa toda estava em festa, aguardando a chegada dos “salvadores da pátria” como ainda acontece hoje - acredito que não só em Viçosa, mas em todas as cidades interioranas. A molecada estava eufórica para ver a chegada dos mesmos. É que o mesmos (políticos) alem de serem cultuados como semi deus pelos nossos pais, vinham de “helicópto” ou aparelho como chamava minha vó. E eu, de calça curta, estava lá pra registrar a chegada do “gunvernador” e do tal aparelho que minha vó teimava em chamá-lo. No momento em que eu desviava o meu olhar para minha mão que alisava o meu estômago, que ora, estava incomodado pelos sintomas da fome, um moleque que tinha a minha idade gritou:“Lá vem! Lá vem! Lá vem....!! Lá vem o helicópto!” - anunciando a chegada do tal helicópto, que trazia o “gunvernador.” Nesse momento, dei meia volta em torno do meu próprio eixo, e vi sobre o horizonte azul – que de azul não tinha nada, a não ser a cor cinza da distância - a aproximação do “helicópto” que se aproximava muito rápido. Fixei o meu olhar de criança no mesmo. Confesso que apesar da pouca idade que tinha, eu já era um moleque curioso, e “o meu olhar”, era totalmente diferente dos demais. O meu olhar, não era apenas pra ver o “gunvernador”. Não! Era tentando entender como aquela “coisa” poderia se manter solta no ar. Curiosidade raríssima pára as crianças da época, ou quem sabe até, da maioria das “crianças adultas” de hoje. Feito essa observação, e para o texto não ficar muito longo e cansativo, já que é muito grande a deficiência de leitores, peço licença aos meus colegas de infância, por me limitar ao resgate das nossas vivências do passado e volto à politicagem. Em décadas passadas, não existia o pluripartidarismo, ou seja, vários partidos políticos. O que existia eram dois partidos: O Partido Republicano – apelidado na época de “Pé-Ré.” E o outro, Liberal. Tempos depois, surgia a ARENA (Aliança Renovadora Nacional) criada na Ditadura Militar. Os seguidores do “Pé-ré” eram identificados por um lenço vermelho - cor que representava o partido – colocado sobre o pescoço dos eleitores, enquanto que, os seguidores do Partido Liberal eram identificados por um lenço verde, também colocado sobre o pescoço para “marcar” ou facilitar na identificação do “rebanho”. Os eleitores da época, não eram diferentes dos eleitores de hoje. O que os diferenciavam era a situação de extrema pobreza que viviam, acompanhada da subordinação e da bajulação de muitos. "Graça a Deus,assim como as outras, essa ultima também acabou.Rsrsrsr.” Esses tipos de situações, muitas vezes acabaram levando muitos a se digladiarem pelos seus candidatos. Os mesmos foram iscados pelas suas necessidades básicas, quais sejam, de comerem; de se vestirem; de estudarem etc. Direitos fundamentais que o Estado (sentido lato) negava, sem direito ao contraditório e a ampla defesa dos mesmos. E ai de quem fosse contra! Bem diferente dos tempos de hoje, que todos temos esses direitos assegurados pela nossa lei maior, mas, ainda fazemos da política, ou seja, de um momento eleitoral como o que ora vivemos, uma verdadeira partida de futebol. Como diz o escritor François Silvestre “de um lado temos O Bicudo Futebol Clube - do outro, O Esporte Clube Bacurau, cujos torcedores/eleitores (de hoje), tem tudo o que os eleitores de ontem não tiveram, mas, mesmo assim, ainda se digladiam, vibram, correm, desentendem-se com o seu próprio povo e acabam votando nos ditos “iluminados” sem cobrarem nada dos mesmos. Não cobram saúde de qualidade; não cobram uma educação de qualidade; não cobram moradias dignas; não cobram mais empregos; não cobram melhores salários (professores); não cobram saneamento básico; enfim, NÃO cobram NADA. Nem se quer uma melhoria na qualidade de suas próprias vidas e de suas famílias. Vá entender!


Taí o texto de nº 03. Pronto pra vocês lerem. Lerem, refletirem e só assim poderem votarem. Só não acredito que ainda seja nos “ILUMINADOS!” Aí já é burrice!

Por Aurivânio Andrade.

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