domingo, 3 de agosto de 2014

As curvas acentuadas que o tempo dar.


Meninos, cheguem tomarem banho pra tirarem o RETRATO!” Era a sim que gritavam as nossas mães, nos chamando para “se arrumar” pra tirar o tal retrato. Lá do fundo do quintal nós gritávamos: A SENHORA não disse que o tirador de retrato só vinha amanhã!"

"Que conversa é essa menino! Retrucava-a. “cheguem logo!”Mais uma vez gritava ela. Com medo de serem CASTIGADOS por elas, abandonávamos os nossos brinquedos que confeccionávamos – isso mesmo, QUE FAZÍAMOS, inclusive a peteca- uma espécie de bola feita com várias meias-velha de sapatos - e corríamos para atender o chamado, ou melhor, a ORDEM. Depois de banhados e bem penteados por ela ou que fossem pela irmã mais velha e tendo vestido a única (roupinha nova que tínhamos), saíamos em direção a sala das nossas casas, onde lá, se encontrava o fotografo que já nos aguardava junto com os nossos pais jogando conversa fora. Logo surgiam nossas mães com um lençol branco depois de ser requisitado pelo fotógrafo onde era estendido nas paredes como uma espécie de telão, ou de pano de fundo que servia para encobrir, ou melhor, esconder os buracos dos tijolos das paredes que sem dó e nem piedade apareciam atestando o sinal de pobreza e de dificuldades vivido por aquelas famílias. Depois do cenário pronto, o fotógrafo se posicionava com sua máquina fotográfica de tirar retratos a tira-colo - de última geração na nossa frente, e gritava: “soltem mais os braços!”E nós (meninos) feitos estátuas na frente dele, nos perguntávamos: “Meu Deus, como faço pra “soltar os braços?” As nossas mães aproximavam-se de nós e faziam a tal correção e ORDENAVAM: "Fiquem sérios! NÃO ACHEM GRAÇA e olhe para o passarinho!" Olhávamos procurando onde estava este tal passarinho e não víamos nada. Eu particularmente procurava, procurava, mais procurava onde estava o DIABO desse passarinho e não via nada. Mas, mesmo assim, tínhamos que ficarmos sérios e ao mesmo tempo buscando no imaginário onde estava o tal passarinho.
Derrepente víamos um feixe de luz que vinha do holofote em nossa direção. Pronto. Estava tirado o retrato. Se tivesse ficado boa – que era uma raridade - beleza. Se não, não podiamos tirar outra(s). Era prejuízo para o fotografo e um martírio para nós. Bem diferente das SELFIES de hoje. Tiram uma; tiram duas; três.... até tirarem uma “BOA”, como se não fosse à mesma pessoa com os seus DEFEITOS ganhando de suas QUALIDADES e tentando ao mesmo tempo, esconder de se próprio(a). Tudo isso, Com direito a sorrirem e mandarem pra quem quiserem.




Taí, talvez só nas minhas "GAVETAS CHEIAS" de estórias já vividas ou que sejam contadas é que encontro tanto o que contar. Bem diferente das "GAVETAS VAZIAS" de muitos, que quase nada tem, e se tem, quase nada sabem.


Por Aurivânio Andrade.

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