O “RÍCA” da vez.
Por Aurivânio Andrade.
Dizia o escritor soteropolitano de nome Jorge e de APELIDO Amado que o “escritor bom é o que escreve sobre sua própria história.” E eu ratifico o que ele disse. Até porque, falar dos outros é fácil. Difícil é falarmos de nós mesmos. Tendo em vista que muitos não querem expor o que já foram mesmo antes de serem o que NÃO são. Mas, antes de adentrar no que eu já fui, cito também uma frase da escritora Clarice Lispector, apresentada a mim, pela minha colega e já admiradora Samea Rafaela quando no nosso percurso diariamente a faculdade. A mesma, (Rafaela) dizia que Clarice tinha dito em uma de suas obras, que ela (Clarice) não era escritora. Escrevia apenas por acaso. Assim também digo eu. Não sou escritor! E como sou um “moleque ousado” inverto as palavras da Escritora. “O acaso é quem mim faz escrever.” Feito essa enrolação, vamos saber quem foi realmente o RÍCA da vez.
Na minha infância, sobretudo na minha fase infanto-juvenil, uma das minhas atividades predileta era jogar bola. Assim, como era a de toda molecada da mesma idade. Só que naquela época, a pobreza latente com suas garras facínoras roubava os sonhos, e os sonos alheios, não deixava a minha família em paz. Nem a minha e nem a dos meus colegas. Ou melhor, AMIGOS. Não tínhamos se quer uma bola para jogarmos. A não ser, um resto de bola: velha, furada e “murcha”. E ainda por cima, dos outros. Mas, mesmo assim, éramos FELICÍSSIMOS e não sabíamos. Nessa época, era comum às vezes não termo ceia, mas, também NÃO acordávamos com dívidas. O inverso de hoje. Acredito! Mas, o mais interessante daquela época era que todos nós tínhamos um apelido. Sim! Todos eram chamados pelos apelidos. Todavia, devido à idade está ao meu desfavor, procurei me lembrar de alguns que me vem na “cachola” agora. Primeiro peço licença aos meus amigos de infância para citá-los, ou seja, resgatá-los da memória deletada pelo tempo. O mesmo tempo que machuca que alivia e que mim trás saudades. Tínhamos apelidos de todos os tipos, e para todos os gostos. Eis alguns que mim vem agora: “Chutai” (esse pertencia ao meu primo Jeovane ou Jeó de Maria de Damião); Plan-Plan( Seu irmão Jeanio); Ruela( Edielso filho de Chico Preto); Supertônico (Suetônio) Zé de Bernadeth – In Memoriam - (esse era meu irmão. Seu nome verdadeiro era Adeilton Andrade. O único que recebeu no apelido o nome da minha Mãe, Dona Bernadeth – In Memoriam); Pretim (Francisco Valentim.) Bedú (Melquíedes irmão de Ruela.) e RÍCA que era eu. Tiveram mais, mas só consegui me lembrar desses agora. Bom, revelado o meu apelido, confesso pra vocês que eu ficava indignado com esse tal. Pra fim de conversa e ainda achando pouco o martírio que eu vivia em ser chamado por esse apelido, um cretino ainda resolveu adjetivá-lo. Cujo adjetivo era PAIÓ. Passava eu, desde então, a ser chamado pelos meus AMIGOS de “RÍCA PAIÓ.” Confesso que esse apelido mim rendeu muitas "brigas", muitas "desavenças" e conseqüentemente muitas broncas em casa. Até porque, desde aquela época de moleque, eu já percebia que tinha o PAIÓ e NÃO o "PAVIO" curto. Valentia? Não! Contradições genética.
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