quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O Padre e o menino.
Por Aurivânio Andrade.

Durante uma das noites comemorativas em alusão a festa da padroeira da minha VIÇOSA cidade, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, ocorrida na semana passada, momento em que estava na companhia do filho Pedro Hernandes, que por sinal, brincava no patamar da igreja, inclusive, tentando subir em um dos mastros em que estavam hasteadas as bandeiras, lembrei-me de dois episódios que mim acontecera no passado, com a religião, o padre e a igreja. Todavia, antes de adentrar no assunto, devo voltar ao passado, ou seja, ao meu tempo de criança, onde vivi, apesar das dificuldades, muitos momentos felizes ao lado dos meus pais, dos meus irmãos e dos meus amigos de infância. Entretanto, não devo esconder que nessa época, já era vítima também de várias decepções. Por falar nisso, elas mim perseguem até hoje, inclusive uma delas está aqui! Ao meu lado. Mas, não se preocupem! Elas nunca me venceram e nem nunca haverão de mim vencer. Pois, acabei aprendendo a conviver com “elas”.
Antigamente era quase que “obrigatório” todos os meninos filhos de pais católicos, fazerem a primeira comunhão. Esse ato “imposto” pelos dogmas da Igreja Católica naquela época, era visto pela sociedade como uma presunção de que aquele menino ia ser abençoado na(s) sua(s) vida(s): Tanto terrena como pós-morte e conseqüentemente toda sua família. E ai de quem não o fizesse! Logo, minha mãe como era uma pessoa religiosa, DETERMINAVA que todos nós tínhamos que fazermos a tal primeira comunhão. E o fizeram. Com exceção do mais novo que era eu. Confesso que quando via os RETRATOS dos meus irmãos posicionados em frente ao altar da igreja vestidos de branco e segurando aquela vela grande em umas das mãos e na outra o catecismo - espécie de um pequeno livreto com a palavra de Deus, eu “morrinha” de vontade de também passar por aquele momento marcante que passara meus irmãos e que nunca passei.
Quando completei dez anos de idade, minha mãe mim colocou no catecismo – espécie de escola dominical, (porque acontecia aos domingos), para que eu mim preparassem para também fazer a minha 1ª comunhão. As aulas aconteciam na própria igreja matriz e a nossa professora era Dona Raimunda, filha de Dona Moça. Lá, ela mim ensinou a rezar, a ser obediente – (confesso que essa foi à fase mais difícil pra mim. E continua sendo até hoje), respeitar o próximo etc.. Só que naquela época, alguma coisa já mim chamava atenção, mim deixando encabulado. É que nós meninos só tínhamos a oportunidade de sentarmos nos bancos da igreja, durante as nossas aulas do catecismo. Depois, durante as celebrações das missas, tínhamos que sentarmos no chão. E separados. De um lado eram os meninos, do outro as meninas. Preconceito? Naquela época não. Se fosse com a geração de hoje quem sabe. Enfim, passei o ano estudando, mim esforçando para ser “bonzinho,” já que eu era um menino danado assim como meu filho Pedro, que também já está “pintando o sete.” Na véspera do dia de fazermos a primeira comunhão, o Padre veio nos avaliar. Por causa de um ou dois não estarem preparados, ele acabou com a nossa alegria, ou seja, com o meu sonho, dizendo que não estávamos preparados para fazermos a tal primeira comunhão. “Só no ano seguinte”. Disse ele a nossa professora. Confesso que eu fiquei chateado e disse a minha mãe que nunca mais ia fazer essa tal primeira comunhão. E depois de muitas broncas, fui o único lá de casa que de fato não o fiz. Estava confirmada a minha primeira decepção com a religião, com o padre e a igreja. 
Anos depois, na última noite da festa da dita igreja, no ano de 1993, ao finalizar a festa, foram retirar os mastros onde estavam hasteadas as bandeiras no patamar em frente à igreja. Essa tarefa era pra homens mais fortes e não magricelo como eu. Mas, como sempre fui uma pessoa solidária, ou seja, que gostava de ajudar e continuo com isso até hoje, acabei mim aproximando dos homens adultos para também ajudar-los na retirada dos mesmos. Pra minha infelicidade o mastro a qual eu pretendia retirá-lo, era o que estava mais bem cravado no chão. Até os homens adultos tiveram dificuldades para retirá-lo. O fato é que, como estava difícil a sua retirada ou que fosse devido a minha fragilidade, mesmo assim, eu ainda tentei retira-lo, fazendo uma espécie de zig zag, ou seja, balançando pra lá e pra cá. Só que pra minha infelicidade, acabei entortando o mastro (cano de ferro comprido). Derrepente, tendo visto aquela cena involuntária de minha parte, o Padre ignorante e estúpido, com sotaque italiano temperado do nosso português, se aproximou de mim, já gritando em voz alta: “Vândalo! Vândalo! Isso é um ato de vandalismo! Eu não recebo mais esse mastro com esse defeito! Eu quero outro!” Confesso que na hora fiquei com medo. Mas, não escondo que tive a vontade de mandá-lo ir para a puta que o pariu. Só não o mandei, devido os ensinamentos da minha saudosa mãe e da minha professora do catecismo, que dentre outros ensinamentos, ensinaram-me a respeitar os mais velhos. Talvez se acontecesse hoje o Padre não teria a mesma sorte. Ou EU. Com isso, estava confirmada a minha segunda decepção com a religião, o Padre e a igreja. Pra finalizar, escutei da minha casa na última missa de encerramento da festa da nossa padroeira que acontecera há 15 dias, o novo Padre que substituiu o Padre ignorante e estúpido dizendo que adorava PEDIR. Fiquei pensando...... e mim interrogando. "Esse Padre vem gostar logo desse MALDITO verbo que também detesto!" Será que se eu ainda frequentasse a igreja, e depois de ver a prática desse ato por parte desse novo Padre, seria mais um vestígio de uma terceira decepção? Como não encontrei a resposta ainda, deixarei por conta de vocês, nobres e raríssimos leitores. Té mais.


Taí o texto Nº 07. Trazendo remorsos ainda dos tempos em que eu “pintava o sete”.

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