quarta-feira, 8 de outubro de 2014


A histórica vitória de Fátima Bezerra

Poucas vitórias foram tão significativas para os setores progressistas do Rio Grande do Norte como a de Fátima Bezerra. A então deputada federal, sem titubeio e com muita garra, enfrentou o maior grupo político formado para uma competição eleitoral em todo o período de nosso estado centenário dominado pelos Alves e Maia. Em que pese toda a dureza do confronto, sua candidatura empolgou os potiguares, que trataram, com muita alegria, de consagrar a petista nas urnas.

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A disparidade de forças só engradeceu o êxito da esquerda. De um lado, estava uma supercoligação composta por mais de uma centena de prefeitos, incluindo o de Natal, ministro de Estado, sete ex-governadores, a grande maioria dos deputados federais, estaduais e vereadores. E não termina por aí. Setores empresariais, midiáticos e ligados ao patronato rural também não ficaram inertes. Trabalharam arduamente para impedir que Fátima chegasse ao senado.
Mas não foi suficiente. A nova senadora colheu os frutos de um labor cotidianamente desempenhado por mais de duas décadas. Nos últimos 12 anos das administrações Lula e Dilma foi a responsável pela alteração da paisagem em inúmeras regiões do RN, semeando Institutos Federais e Universidades e possibilitando que uma geração, antes esquecida, pudesse ingressar numa instituição educacional de ensino técnico e superior de qualidade. Foi um voto na esperança de um futuro melhor, tendo a certeza, já no presente, que se tratava da opção mais acertada.
A campanha teve seus altos e baixos. Candidata pelo Partido dos Trabalhadores, alias, como sempre foi, Fátima teve de enfrentar ataques abertos na Tv e velados, através de toda uma boataria lançada contra ela nas redes sociais, na distribuição de panfletos apócrifos e até de porta em porta por uma militância privada treinada para esse tipo de artifício. Entretanto, em momento algum, cedeu. Em nenhum passo de sua caminhada ingressou nesse jogo. Afirmou-se, isto sim, como a postulante de projetos coerentes e utilizou o seu horário político gratuito eleitoral para passar a sua folha de serviços à limpo, uma verdadeira prestação de contas do que realizou e do que pretendia produzir, caso o norteriograndense decidisse pelo seu nome. Sua atuação trouxe a marca qualificada da política habilitadora de uma esfera de debate positiva, propositiva.
A deselegância daqueles que deveriam ter mostrado grandeza, admitindo a derrota e fazendo os tradicionais votos de um bom mandato, mas não fizeram; logo desaparecerá. Um certo desgosto que parte da imprensa local apresenta e que transparece na miséria com que cobriu a conquista atingida por uma professora do ensino médio também durará poucos dias na memória. Entretanto, entrará para a história da terra de Djalma Maranhão e Auta de Souza, que, no dia 05 de Outubro de 2014, foi eleita a primeira senadora do campo popular, uma menina que saiu de uma cidadezinha para ocupar um dos principais postos da república brasileira.  Este feito dificilmente será esquecido.

Fonte: O Potiguar

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