A histórica vitória de Fátima Bezerra
Poucas vitórias foram tão significativas
para os setores progressistas do Rio Grande do Norte como a de Fátima
Bezerra. A então deputada federal, sem titubeio e com muita garra,
enfrentou o maior grupo político formado para uma competição eleitoral
em todo o período de nosso estado centenário dominado pelos Alves e
Maia. Em que pese toda a dureza do confronto, sua candidatura empolgou
os potiguares, que trataram, com muita alegria, de consagrar a petista
nas urnas.
A disparidade de forças só engradeceu o
êxito da esquerda. De um lado, estava uma supercoligação composta por
mais de uma centena de prefeitos, incluindo o de Natal, ministro de
Estado, sete ex-governadores, a grande maioria dos deputados federais,
estaduais e vereadores. E não termina por aí. Setores empresariais,
midiáticos e ligados ao patronato rural também não ficaram inertes.
Trabalharam arduamente para impedir que Fátima chegasse ao senado.
Mas não foi suficiente. A nova senadora
colheu os frutos de um labor cotidianamente desempenhado por mais de
duas décadas. Nos últimos 12 anos das administrações Lula e Dilma foi a
responsável pela alteração da paisagem em inúmeras regiões do RN,
semeando Institutos Federais e Universidades e possibilitando que uma
geração, antes esquecida, pudesse ingressar numa instituição educacional
de ensino técnico e superior de qualidade. Foi um voto na esperança de
um futuro melhor, tendo a certeza, já no presente, que se tratava da
opção mais acertada.
A campanha teve seus altos e baixos.
Candidata pelo Partido dos Trabalhadores, alias, como sempre foi, Fátima
teve de enfrentar ataques abertos na Tv e velados, através de toda uma
boataria lançada contra ela nas redes sociais, na distribuição de
panfletos apócrifos e até de porta em porta por uma militância privada
treinada para esse tipo de artifício. Entretanto, em momento algum,
cedeu. Em nenhum passo de sua caminhada ingressou nesse jogo.
Afirmou-se, isto sim, como a postulante de projetos coerentes e utilizou
o seu horário político gratuito eleitoral para passar a sua folha de
serviços à limpo, uma verdadeira prestação de contas do que realizou e
do que pretendia produzir, caso o norteriograndense decidisse pelo seu
nome. Sua atuação trouxe a marca qualificada da política habilitadora de
uma esfera de debate positiva, propositiva.
A deselegância daqueles que deveriam ter
mostrado grandeza, admitindo a derrota e fazendo os tradicionais votos
de um bom mandato, mas não fizeram; logo desaparecerá. Um certo desgosto
que parte da imprensa local apresenta e que transparece na miséria com
que cobriu a conquista atingida por uma professora do ensino médio
também durará poucos dias na memória. Entretanto, entrará para a
história da terra de Djalma Maranhão e Auta de Souza, que, no dia 05 de
Outubro de 2014, foi eleita a primeira senadora do campo popular, uma
menina que saiu de uma cidadezinha para ocupar um dos principais postos
da república brasileira. Este feito dificilmente será esquecido.
Fonte: O Potiguar
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